A arte imita a vida ou a vida imita a arte? O debate vem de séculos e, convenhamos, não tem resposta certa. É certo que toda obra reflete a experiência do artista na sociedade. Mas essa mesma obra pode se tornar, também, fator de influência social.

Ontem, uma das maiores cantoras do mundo lançou “Break My Soul”. Se você não sabe de quem a gente está falando ainda, logo saberá pois a artista é gigante no que faz.

Como esperado, o assunto já está dominando as redes sociais. Só que a discussão não foi apenas sobre arte, mas também sobre vida. Muitos relacionaram um trecho da letra com um fenômeno que já vem sendo observado há algum tempo: a Grande Resignação. 

Um pouco de contexto: o termo great resignation surgiu nos Estados Unidos, quando o país passava seu pior momento na pandemia. Refere-se a uma onda de pedidos de demissão, especialmente entre mais jovens. Só em agosto de 2021, 4,3 milhões de americanos pediram as contas. 

Como os EUA não importam só música, a tendência se espalhou, primeiro na Europa e, depois, no Brasil. Por aqui, segundo dados da Você S/A, 500 mil funcionários por mês pedem a rescisão do contrato de trabalho. 

Em tempos de crise econômica e taxa de desemprego nas alturas, isso não faz o menor sentido. A não ser que olhemos para o problema sob outro prisma. Estamos acostumados a pensar em trabalho como uma atividade em que trocamos sacrifício por dinheiro. 

Foi assim com a geração de nossos pais e avós: trabalhar para viver, viver para trabalhar. Esse modelo de vida já foi refletido na arte da própria cantora, quase uma década atrás, na música Ghost. Em um trecho ela questiona ‘como é possível todas as pessoas do planeta estarem trabalhando das 9h às 17h apenas para se manterem vivas’?

Esse tipo de reflexão é a fagulha para fenômenos como a Grande Resignação. 

Impactados pela pandemia e pelas mudanças nas relações de trabalho, colaboradores de todo o mundo passaram por uma espécie de epifania. 

O trabalho com fim em si mesmo não faz mais sentido. Mais do que dinheiro, os jovens buscam bem-estar, tempo com a família, tempo para seus hobbies, etc. Seus motivadores mudaram.

E, 9 anos depois de “Ghost”, a rainha B possivelmente volta a refletir vida na letra de “Break my Soul”.

Em um trecho ela diz que, ‘por ter se apaixonado por algo maior, pediu demissão e está em busca de uma nova motivação, já que o trabalho começa às nove e termina só depois das 17h -— e isso lhe dá nos nervos a ponto de mal conseguir dormir à noite.’

Isso te lembra algo? Empresas que não são capazes de proporcionar essa “motivação” fracassam na missão de atrair e engajar os melhores talentos. 

Mais do que nunca, é preciso ver o trabalho como parte da equação da vida e essa equação é diferente para cada um. Qual é a sua motivação para arrancar mais sorrisos dentro e fora do trabalho?

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