Prezar pela qualidade de vida dos colaboradores é fundamental para a marca empregadora e, logo, para a atração e engajamento de talentos. O bem estar no trabalho é um dos fatores mais valorizados pelos profissionais, até porque, hoje, é difícil separar a vida no trabalho da vida pessoal.

Um dos pilares para esse bem-estar é a saúde financeira, que tem grande impacto em diversas esferas da vida, incluindo o foco e produtividade no trabalho. Contudo, sabemos que esse tem sido um assunto delicado para os brasileiros nos últimos anos, dado o cenário econômico.

Não faz parte da cultura do país falar abertamente sobre dinheiro, o que pode aumentar a dificuldade em lidar com essas questões efetivamente. Isso torna a educação financeira uma ferramenta ainda mais importante. E a empresa pode tomar ações para levá-la até seus colaboradores.

Neste post, vamos entender como a educação financeira corporativa pode melhorar o bem estar dos colaboradores e passar dicas práticas para você implementar essa abordagem em sua empresa. Acompanhe!

O que é educação financeira?

De forma geral, segundo a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), a educação financeira é um processo completo para aumentar o entendimento sobre o dinheiro. Vai além de ensinar a como economizar, por exemplo, é a compreensão sobre as próprias prioridades quanto às finanças.

Aqui, estamos falando de informações e orientações que trabalham para melhorar a consciência sobre riscos, gastos, economias e uso racional de recursos. Isso tudo aprimora a capacidade de planejamento e ensina o equilíbrio na vida financeira, tudo de acordo com cada realidade. 

Vantagens da educação financeira corporativa

É de conhecimento prático que problemas financeiros, dívidas e a incerteza levam ao desgaste emocional e até mesmo físico, impactando negativamente no humor, foco e tantos outros aspectos. A educação financeira básica permite um bom planejamento, reduzindo o risco de cenários financeiramente ruins.

Dessa forma, se preocupar com a saúde financeira dos colaboradores é uma forma de melhorar a qualidade de vida e produtividade nas organizações. 

É comum ver funcionários com problemas financeiros apresentando perda de foco e até faltando ao trabalho. Muitas vezes, precisam se dedicar a fontes de renda secundárias e podem até buscar a demissão na tentativa de encontrar outras oportunidades.

Portanto, ao auxiliar no equilíbrio da vida financeira de um empregado, a empresa se torna atrativa, reduz a taxa de turnover e valoriza suas equipes. Uma pesquisa realizada pela ADP Research Institute, realizada com mais 7.000 pessoas, indica que 90% preferem trabalhar para uma empresa que se preocupa com suas finanças.

Como a falta de educação financeira prejudica os colaboradores

Como mencionado, o endividamento tem impactos negativos na vida de um indivíduo, em sua saúde e, consequentemente, em seu engajamento com as tarefas do dia a dia. Vamos entender mais detalhes.

Impacto na saúde psicológica e emocional

Não é opinião, é dado: uma saúde financeira ruim prejudica a saúde psicológica e emocional. Um estudo realizado pela Serasa mostrou que 85% dos entrevistados apresentam problemas de insônia por causa da preocupação com dívidas. Além disso, 60% afirmam que a saúde financeira frágil prejudicou a relação com amigos e familiares.

Além disso, nota-se que vira um ciclo, pois com o desenvolvimento de problemas como depressão ou ansiedade, é cada vez mais difícil lidar com as dívidas e fazer bons planejamentos financeiros. Certamente, um colaborador nesse quadro não irá desempenhar bem seu papel.

Segundo a pesquisa feita pelo International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), 78% dos entrevistados afirmam que a incerteza financeira é o principal motivo da ansiedade e preocupação. Ainda sob os efeitos pós pandemia, os brasileiros enfrentam desafios na estabilidade e têm até a autoestima prejudicada.

Reduz a produtividade no trabalho

É fato que um colaborador que desenvolve problemas como depressão e estresse não irá produzir da mesma maneira que um colaborador saudável. Os sintomas envolvem a perda de foco, baixa autoestima que reduz a confiança para realizar tarefas básicas, diminuição no engajamento, entre outros.

Um profissional desmotivado dificilmente terá boa concentração, além disso, a saída vista por muitos é a tentativa de iniciar trabalhos secundários não formais (os famosos “bicos”) para complementar a renda, o que pode gerar cansaço queda ainda maior na produtividade, chegando até o absenteísmo.

Aumento na rotatividade

A rotatividade é um quadro indesejado pelas organizações, afinal, o processo de demissão e contratação traz custos elevados, além de causar danos aos resultados devido ao tempo que se leva para fazer o onboarding e treinamento de novos colaboradores.

Como implementar a educação financeira nas empresas

De acordo com o ENEF, a orientação financeira leva a tomada de decisões mais assertivas e conscientes, no entanto, o desenvolvimento em adultos é desafiador. Já existem hábitos e valores estabelecidos e enraizados, que podem ser difíceis de desconstruir.

As empresas, por terem grande participação na vida de seus colaboradores, são fundamentais em incentivar o diálogo sobre dinheiro, reduzindo um certo tabu existente, e ter a iniciativa de educar os funcionários sobre suas finanças. Confira 5 dicas para começar a implementar!

Planeje com o RH e a liderança

Propor e iniciar mudanças é sempre um desafio, principalmente quando o assunto é pouco discutido, como finanças. Por isso, é importante que exista um plano incluindo como será a abordagem inicial, se terá um serviço terceirizado envolvido, como os líderes podem atuar com suas equipes, entre outros detalhes.

O RH tem grande importância em elaborar o planejamento para que alcance todos os níveis da organização e que seja coerente com a cultura já existente, a fim de não causar mais impacto ao abordar o novo assunto.

Conheça os colaboradores

Talvez exista um estereótipo de que a educação financeira é para quem já possui um certo equilíbrio com suas finanças, o que é irreal. O principal ponto da orientação é a adequação à realidade de cada perfil existente e suas respectivas prioridades.

Por isso, para ter um plano eficaz de educação financeira dentro das empresas, é importante conhecer o perfil dos funcionários e realizar um diagnóstico de saúde financeira, identificando a situação que cada um está para oferecer a orientação mais assertiva.

Para ter uma boa aderência às atividades relacionadas ao plano de educação financeira, é importante que exista logo de início a conscientização sobre o tema, para ajudar a quebrar estereótipos e mostrar que, além de importante, é acessível tanto na linguagem, quanto no conteúdo que será transmitido. 

Como mencionado, não é habitual da cultura brasileira conversar abertamente sobre dinheiro e, principalmente, de dificuldades financeiras. No entanto, é importante criar um ambiente que o colaborador se sinta seguro e confortável para dialogar sobre o assunto, tornando mais natural e fácil de diagnosticar para ajudar.

Promova o conhecimento

Com o planejamento formado, perfil financeiro dos colaboradores mapeados e equipes já em início de conscientização, é o momento de trazer ações efetivas para promover a educação financeira.

A forma de abordagem pode variar de acordo com a cultura organizacional existente e com as informações que foram obtidas através do diagnóstico. Pode ser feita através de workshops em grupos, disponibilização de material para leitura, conversas de mentoria individual, podcasts, entre outras opções.

Realize acompanhamento das ações

É preciso que exista métricas e indicadores para, após um período previamente determinado, analisar os resultados obtidos com as ações realizadas até o momento quanto ao desenvolvimento da educação financeira dos colaboradores.

A partir da análise do progresso, identificar correções necessárias, reduzir gargalos e aplicar melhorias quanto às ações. Também é válido considerar a opinião dos colaboradores quanto ao que foi realizado através de uma pesquisa de satisfação.

A importância do estímulo aos colaboradores quanto à orientação financeira

Como mencionado, é natural que mudanças causem desconforto nas pessoas, principalmente quando é um assunto que foge do hábito. No Brasil, pouco se fala sobre dinheiro com as crianças ou em casa, por exemplo, o que torna o assunto pouco comentado e até estranho quando falado.

Dessa forma, é válido ressaltar a importância de trazer naturalidade ao assunto finanças e estimular o interesse vindo dos próprios colaboradores. O ponto inicial é quebrar a ideia de que para entender de dinheiro é preciso de um linguajar técnico e seletivo, pois a educação deve ser acessível a todos.

Em seguida, para formar um bom plano de orientação financeira corporativa, é extremamente importante que o RH entenda que os colaboradores são únicos, portanto, cada um irá apresentar uma situação, um objetivo diferente, dificuldades e até um nível de adesão ao programa de forma particular.

A organização deve estar preparada para atender cada um com respeito, para criar um ambiente de confiança, assim ficará mais fácil para o próprio funcionário trazer o assunto para pauta. Com o avanço das ações, a tendência é que se torne mais natural e, aos poucos, as barreiras do assunto “dinheiro” sejam quebradas.

Com o tempo e, novamente, respeitando a individualidade, é possível incentivar que os colaboradores formem metas pessoais a curto, médio e longo prazo sobre o que fazer com suas finanças, agora, mais organizadas. 

Todo esse estímulo é fundamental para que a educação financeira incorpore, de fato, a vida dos colaboradores e, progressivamente, exista maior consciência sobre suas finanças, melhorando sua situação e proporcionando maior qualidade de vida.

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