No início era tudo mato. Ok, nem tanto. Mas, de fato, as primeiras atividades de Recursos Humanos no Brasil não eram exatamente muito complexas. Os profissionais da área eram responsáveis por processos meramente burocráticos, geralmente relacionados à supervisão dos funcionários de uma empresa, garantindo as taxas de eficiência desejadas. 

Se um gestor de RH da época viajasse no tempo para os dias atuais, não acreditaria em seus próprios olhos. A evolução do RH trouxe consigo uma infinidade de responsabilidades, tarefas e estratégias, posicionando o departamento como peça central para o crescimento de qualquer negócio. Hoje, é impossível dissociar o RH da estratégia comercial. 

Tá, mas o que aconteceu durante esse período? Como o RH ganhou tanto valor e importância dentro de organizações de todos os setores? Bem, de forma simples, dá para falar que o setor simplesmente acompanhou a evolução do mundo corporativo, absorvendo novos métodos e tecnologias para se tornar mais eficiente. 

Só que o assunto é bem mais complexo. O próprio escopo de trabalho do RH passou por mudanças drásticas, especialmente no que diz respeito à humanização da gestão. Afinal, ao contar com tecnologias para as tarefas mais repetitivas, o RH ganha mais tempo para lidar com pessoas. 

Neste post, vamos dar uma olhada para a origem do RH e acompanhar seu desenvolvimento ao longo do tempo. Confira!

A origem do RH

No começo do século XX, o mundo acompanhava o que conhecemos hoje como “A Segunda Revolução Industrial” e, com isso, surgiu dentro das indústrias a área de Relações Industriais, que cuidava de atividades burocráticas e administrativas que envolvessem os trabalhadores.

No início da década de 1930, começaram os estudos sobre a gestão de pessoas de fato, tendo destaque a Teoria das Relações Humanas, conjunto de teorias administrativas. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, 1945, os países industrializados começaram a adotar medidas de condição social.

Dessa forma, além de mais focado, o RH começou a ter uma visão com maior preocupação para o bem estar dos colaboradores, buscando enganá-los com oferecimento de benefícios, o que leva ao desenvolvimento do setor mais próximo para o que vivemos atualmente. 

Fases históricas no Brasil

Especialistas categorizam a evolução da área de recursos humanos no Brasil em cinco momentos:

  • Fase Contábil: Até 1930
  • Fase Legal: De 1930 a 1950
  • Fase Tecnicista: De 1950 a 1965
  • Fase Administrativa: De 1965 a 1985
  • Fase Estratégica: A partir de 1985

Vamos entender um pouco sobre cada uma dessas fases? 

Fase Contábil: 

Como você deve imaginar, a fase que precedeu a década de 30 não era exatamente centrada no colaborador. Vistos meramente como ativos da empresa, os trabalhadores não esperavam experiências positivas e tinham pouco ou nenhum respaldo jurídico. Na época, o papel do RH era simplesmente contabilizar a entrada e saída de trabalhadores para efetuar pagamentos e garantir a produtividade. 

Pressões populares e mudanças no tecido social geraram mudanças nas relações de trabalho, tanto no Brasil, quanto em outras partes do mundo. É nessa época que surge a figura de chefe de pessoal, que ainda era muito semelhante aos profissionais da fase contábil. 

Contudo, tudo mudou no dia 1 de maio de 1943, quando o então presidente Getúlio Vargas estabeleceu a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A partir desse momento, os chefes de RH passam a lidar com mais uma responsabilidade: garantir o cumprimento da legislação trabalhista. Trata-se de um momento de vitória para os trabalhadores, que passaram a contar com algum poder em uma relação ainda desigual. 

Fase Tecnicista: 

A década de 50 ainda sofria com as alterações produtivas da segunda guerra mundial. Com a indústria a todo vapor e a competitividade mais alta do que nunca, os donos de fábricas e outros negócios passaram a se importar mais com a produtividade individual dos colaboradores. E, com o tempo, a importância de contar com os profissionais certos ficou clara. 

Foi na fase tecnicista que surgiu o gerente de pessoal, cuja responsabilidade principal era recrutar e treinar profissionais considerados capacitados. Ao longo de 15 anos, fatores como segurança e higiene no trabalho ganharam mais relevância, visto que a disputa pelos melhores trabalhadores se tornou mais intensa. 

Fase Administrativa: 

Entre 1965 e 1985, deu-se a fase administrativa. Um marco importante dessa época é o crescimento do movimento sindical, que gerou pequenas revoluções para os trabalhadores. 

Empregadores viram-se obrigados a administrar as relações com os empregados, o que levou ao surgimento do gerente de RH, focado em criar vínculos positivos com colaboradores e garantir o alinhamento com demandas sindicais e sociais. 

Fase Estratégica: 

Desde 1985, vivemos a fase estratégica do RH. Como o nome já deixa claro, trata-se de um período no qual a participação do RH na empresa extrapola o controle de colaboradores e assume um caráter estratégico. Os profissionais da área participam do planejamento do negócio e contam com poder de decisão cada vez maior. 

Na fase estratégica, o RH é responsável não apenas por encontrar os melhores talentos, mas também em atraí-los, engajá-los e desenvolvê-los. Nesse ponto, entra o conceito de Employee Experience, que busca oferecer a melhor experiência possível para os integrantes da empresa e, assim, garantir a motivação das equipes e a formação de uma marca empregadora. 

Como você viu, as atividades do setor no Brasil também iniciaram voltadas para a parte burocrática, relacionada a contabilidade e legislação. Seu desenvolvimento foi gradual, acompanhando as novas tecnologias até que, com o uso das ferramentas adequadas, pode-se investir o tempo para tarefas mais estratégicas.

A evolução do RH continua em crescimento, pois as empresas percebem cada vez mais como os profissionais são peças chave para um amadurecimento e melhora contínua nas relações entre empregado e empregador, que impactam diretamente nos resultados. 

O RH 4.0

Definitivamente, a chegada da indústria 4.0, ou também conhecida como “Era Digital” foi uma forte influência para mudança de processos nas organizações, principalmente com a chegada da pandemia que mudou o cenário de trabalho.

O RH também precisou se adaptar para não deixar de se atentar às medidas legais exigidas pela nova forma de trabalho, continuar administrando os colaboradores com eficiência e não deixar de cuidar da saúde e bem estar em um período tão delicado.

A tecnologia tornou-se um aliado, otimizando processos como seleção e recrutamento, controle de ponto, análise de dados, o que permite voltar a atenção para estratégias de engajamento e produtividade, flexibilidade, tudo para ser um braço direito para gestores e suas equipes. 

Se de início a atuação era burocrática e fechada em um único setor, hoje é mais dinâmica e presente em todas as áreas de uma organização. A evolução do RH no Brasil continua em ascensão, fazendo com que a área mantenha o caráter inovador e ganhe cada vez mais importância no planejamento estratégico das empresas. 

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