Se você é uma mulher no mercado de trabalho, sabe muito bem que a jornada pode ser árdua e repleto de obstáculos. Além de encararem desafios que muitas vezes não são enfrentados por seus colegas do sexo masculino, elas ainda precisam lidar com comportamentos machistas como o mansplaining e o manterrupting. Esses termos podem até parecer novidade para alguns, mas as mulheres sabem bem o que eles significam e como eles prejudicam seu desenvolvimento profissional.
No caso do mansplaining, 48% das mulheres familiarizadas com o termo, relataram já terem presenciado esta prática no trabalho, enquanto 54% afirmaram que já sofreram com o manterrupting.
Mas o que exatamente são esses comportamentos e como podemos combatê-los? Continue a leitura para descobrir!
Mansplaining
Vamos começar com alguns exemplos de frases típicas de Mansplaining. Imagine que uma mulher apresenta uma ideia em uma reunião de trabalho e um colega de equipe responde: “Bem, na verdade, você não considerou todos os aspectos dessa situação”. Ou, talvez uma mulher esteja explicando um processo para um colega de trabalho e ele interrompe com: “Sim, eu já entendi, não precisa me explicar isso de novo”.
“Mansplaining” é um termo em inglês que surgiu da combinação das palavras “man” (homem) e “explaining” (explicar). Foi popularizado pela escritora norte-americana Rebecca Solnit em seu livro de 2008 intitulado “Os Homens Explicam Tudo para Mim”. No livro, ela relata um episódio em que um homem tentou explicar para ela sobre o conteúdo do livro que ela mesma havia escrito. Loucura, não é mesmo?
Afinal, por que isso acontece?
Há muitos motivos pelos quais os homens tendem a mansplain. Alguns deles incluem o desejo de se sentir superiores, a crença de que as mulheres são menos capazes ou o simples fato de que eles foram socializados para acreditar que é seu papel explicar as coisas para as mulheres. Muitos homens podem não perceber que estão mansplaining, pois esse comportamento é tão comum em nossa sociedade que pode ser considerado “normal”.
Independentemente da razão, o fato é que o mansplaining pode ser prejudicial para as mulheres no ambiente de trabalho. Ele diminui a voz e a autoridade das mulheres, tornando-as menos confiantes e menos propensas a compartilhar suas ideias. Isso, por sua vez, pode prejudicar o sucesso da empresa como um todo, uma vez que ideias valiosas podem ser perdidas.
Manterrupting
Um estudo divulgado pela Neon explica que “os homens interrompem as mulheres duas vezes mais do que elas”. No geral, em uma reunião, os homens monopolizam 75% do tempo de fala. Isso é chamado de “manterrupting” uma junção de man (homem) e interrupting (interrupção) e, se você nunca ouviu falar disso, prepare-se, porque este é um problema real que pode estar ocorrendo em seu local de trabalho agora mesmo.
O termo foi criado pela jornalista Jessica Bennett e ficou conhecido a partir de janeiro de 2015 após a publicação do artigo “How Not to Be ‘Manterrupted’ in Meetings” (Como não ser interrompido em reuniões), para o jornal TIME.
Simplificando, é quando os homens interrompem constantemente as mulheres durante as conversas, negando-lhes o espaço para falar e serem ouvidas. Pode parecer algo pequeno, mas os efeitos podem ser devastadores, tanto para a autoestima das mulheres quanto para sua capacidade de contribuir para a conversa.
Quando e como o Manterrupting pode acontecer?
Imagine o seguinte cenário: uma mulher está apresentando um projeto e um homem a interrompe para dizer que ele já sabe tudo sobre o assunto. Ou pior, ele pode dizer que ela está errada e corrigi-la em frente a todos. Isso é Manterrupting, e pode acontecer em qualquer situação, seja em reuniões, conversas informais ou até mesmo em e-mails.
Segundo a pesquisadora da Universidade George Washington, Sheryl Sandberg, as mulheres são interrompidas três vezes mais do que os homens em reuniões de trabalho.
Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que valoriza mais a voz dos homens do que a das mulheres. As mulheres são ensinadas a serem mais cuidadosas em suas palavras e a não serem “mandonas” ou “agressivas”, enquanto os homens são encorajados a serem assertivos e confiantes.
Como o RH pode combater o Mainsplaining e o Manterrupting?
O RH pode – e deve – adotar algumas medidas para combater essas práticas e promover um ambiente de trabalho mais igualitário e respeitoso.
A seguir, apresentamos algumas dicas de como combater o mainsplaining e o manterrupting no ambiente corporativo. Olha só:
- Crie um ambiente de trabalho respeitoso e inclusivo: As pessoas colaboradoras devem sentir que suas contribuições são valorizadas, independentemente do gênero. O RH pode estabelecer políticas e treinamentos para promover um ambiente de trabalho respeitoso e inclusivo.
- Eduque os profissionais sobre o Mainsplaining e o Manterrupting: Muitos colaboradores não percebem quando estão praticando Mainsplaining ou Manterrupting. Para evitar essas práticas, o RH pode fornecer treinamentos para conscientizar a organização sobre esses comportamentos e seus efeitos negativos.
- Encoraje a comunicação aberta: Promover a comunicação entre as pessoas colaboradoras e encorajar a escuta ativa pode ser a chave para combater o mansplaining e manterrupting. As mulheres devem se sentir confortáveis em expressar suas ideias e opiniões sem medo de serem interrompidas ou desrespeitadas.
- Identifique e denuncie o comportamento: O RH deve estar atento a qualquer comportamento desrespeitoso ou discriminatório no ambiente de trabalho. É importante que a empresa tenha políticas claras de denúncia e investigação desses casos. Os colaboradores que praticam esses comportamentos devem receber feedback construtivo e serem responsabilizados por suas ações.
- Apoie as mulheres na liderança: A empresa como um todo deve e apoiar as mulheres na liderança, proporcionando oportunidades de desenvolvimento de liderança e garantindo que as mulheres tenham voz em todas as decisões importantes na organização.
Para finalizar…
Em um mundo onde a igualdade de gênero é uma meta cada vez mais importante, o mansplaining e o manterrupting no local de trabalho são comportamentos que precisam ser eliminados. Essas atitudes refletem a persistência de preconceitos de gênero e contribuem para a desigualdade de oportunidades e de reconhecimento profissional entre homens e mulheres.
Portanto, é essencial que as empresas promovam uma cultura de respeito e igualdade de gênero, implementando políticas e treinamentos para combater o machismo no ambiente profissional. Todos nós temos um papel a desempenhar nessa mudança, e juntos podemos criar um futuro mais justo e equitativo para todos.
Lembre-se: Escutar e valorizar as contribuições de todos é uma parte fundamental para o sucesso de qualquer equipe.