Por Raphael Machioni
CEO e Co-founder na Swile
Estamos mais do que adaptados ao home office que deixou de ser uma novidade. A tendência é que as empresas adotem um modelo híbrido. E com isso, várias necessidades de adaptação nos modelos de gestão e, cada vez mais, os benefícios também precisam se adequar a essa realidade.
Os benefícios antes oferecidos, como vale-transporte, vale refeição e vale-alimentação, cada vez mais estão se tornando flexíveis, de modo que o colaborador pode escolher o que melhor se adapta à realidade dele, por exemplo, utilizá-lo para um curso de idioma, ou ainda para as adequações à rotina do trabalho remoto, como na compra de móveis e equipamentos, ou ainda para as despesas de luz e internet.
A possibilidade de flexibilizar os benefícios é um cenário condizente com a realidade trabalhista brasileira. Onde é possível fazer as escolhas de como usar o pacote de benefícios, de maneira trivial, com saúde, transporte e alimentação, ou de modo que engloba atividades culturais e de bem-estar.
Muitas pessoas têm o sonho de trabalhar fora para ganhar dinheiro, e eventualmente voltar para o Brasil com uma condição melhor, mas será que elas conhecem a realidade trabalhista dos outros países? Nos Estados Unidos, por exemplo, não existe o pagamento de 13º salário, vale-transporte, vale-alimentação, multa por rescisão de contrato de trabalho ou FGTS – pelo menos é o que afirmam os especialistas em migração Brasil-Estados Unidos. Para nós, brasileiros, esse é o pacote básico. Você abriria mão desses benefícios?
Indo mais para longe no mapa, na China, de acordo com o portal Direitos Brasil, o seguro-saúde e seguro-desemprego devem ter parcelas de contribuição tanto do empregado como do empregador, não havendo outros tipos de benefícios, além de seguro para acidentes de trabalho e contribuição para a previdência. Você aceitaria arcar com essas contribuições?
Nesse sentido, o Brasil e outros países como França e México, tem uma legislação trabalhista favorável ao funcionário, o que os coloca muito à frente de outros países. Aliadas às tecnologias, as plataformas de benefícios flexíveis poderiam ser adotadas e utilizadas por quaisquer países do mundo, mas as grandes potências podem ter outro foco em outro formato de legislação trabalhistas. Os benefícios são reflexos de como se configuram as leis trabalhistas de cada lugar e não são exclusivamente uma questão de tecnologia ou inovação.
Por exemplo, o PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), incentiva as empresas a fornecer valores voltados à alimentação dos colaboradores e recebem como contrapartida a dedução no Imposto de Renda. Seu objetivo é melhorar de forma efetiva as condições nutricionais dos funcionários e sua capacidade física, deixando-os mais motivados, e mais resistentes à doenças, fatiga e reduzindo possíveis acidentes de trabalho.
A tecnologia pode ser disseminada, mas a preocupação da empresa em não apenas se preocupar em atender às legislações trabalhistas, mas implementar uma cultura empresarial direcionada em flexibilizar os benefícios para os colaboradores de modo que ela perceba a necessidade em atender outras demandas como bem-estar, cultura e lazer é particular de cada corporação.
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