A inclusão social no mercado de trabalho busca combater a exclusão de pessoas e a sua privação aos aspectos essenciais da vida em sociedade. Um ambiente de trabalho inclusivo é aquele que abraça diferenças de classe social, de educação, idade, deficiência, gênero ou etnia, oferecendo oportunidades de acesso a todos.

Esse posicionamento não deve ser entendido como um ato de contribuição, mas um dever das empresas dado o seu papel na sociedade. Muito além de vagas e benefícios, as organizações devem compreender o enorme impacto que tais iniciativas representam na vida de inúmeras pessoas e no employee experience dos colaboradores.

A inclusão social também não deve ser tratada como um incentivo restrito a grupos particulares, mas, sim, como uma ação de interesse e desenvolvimento geral. Afinal, todos têm a ganhar ao compartilhar espaços, responsabilidades e experiências com pessoas diferentes.

O tema é de suma importância e você, profissional de RH, deve estar atento a todas as suas nuances. Neste artigo, trazemos os principais aspectos sobre o assunto para ajudar a conduzir a sua gestão de maneira eficiente e, também, consciente. Confira!

Qual é o panorama da inclusão social no mercado de trabalho brasileiro?

Antes de qualquer coisa, é preciso esclarecer que a inclusão social não trata apenas da inserção de pessoas com deficiência em atividades coletivas e no mercado de trabalho. O conceito abrange todos os tipos de diversidade, como sexual, étnica e socioeconômica.

Alguns dados nos ajudam a entender a dimensão desse desafio:

  • no banco de dados do site Vagas.com, um dos maiores portais de emprego do país, os profissionais negros têm presença significativamente inferior em cargos de suporte, média e alta gestão, mesmo entre aqueles com ensino superior;
  • 35% dos profissionais LGBTI+ entrevistados em levantamento feito para a campanha #ProudAtWork afirmaram já ter sofrido algum tipo de descriminação de colegas e 12% por líderes de empresas, incluindo gestores;
  • 30% dos líderes (incluindo gestores de RH) entrevistados por pesquisa realizada pela i.Social disseram que sabem pouco ou nunca ouviram falar sobre as legislações que tratam de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Essas pesquisas também revelam que, embora o país registre um notável crescimento nas contratações de pessoas com alguma vulnerabilidade, são poucas as empresas que adotam culturas organizacionais inclusivas. Além de comprometer o rendimento dos profissionais, essa realidade contribui para a manutenção de ambientes de trabalho segregados.

O que a legislação prevê sobre o assunto?

No que diz respeito à inclusão de pessoas com deficiência (PcD), temos a Lei 13.146, que busca promover uma participação mais ativa desse grupo na sociedade. Entre várias outras determinações, o seu texto prevê a reserva de cargos em empresas com 100 funcionários ou mais para profissionais que apresentam impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.

Essas vagas devem obedecer as seguintes proporções:

  • entre 100 e 200 funcionários: 2% das vagas;
  • entre 201 e 500 funcionários: 3% das vagas;
  • entre 501 e 1.000 funcionários: 4% das vagas;
  • mais de 1.000 funcionários: 5% das vagas.

Vale destacar que não basta dar emprego, a empresa também deve oferecer plenas condições de acessibilidade a esses profissionais.

Em relação à inclusão étnico-racial, bem como a de profissionais idosos e LGBTI+ não há leis específicas que obriguem empregadores a incorporarem essas pessoas em seus times, embora existam alguns incentivos fiscais relacionados. Sendo assim, o protagonismo da gestão de pessoas se faz ainda mais relevante no sentido de promover a conscientização da alta liderança e dos colaboradores, além de providenciar medidas de reparo social e de apoio à diversidade.

Qual a relação entre inclusão digital e inclusão social?

A inclusão digital tem como objetivo garantir o acesso universal às tecnologias de informação e comunicação. O acesso à internet, por exemplo, já é entendido por muitas consultorias e governos como uma necessidade básica — percepção reforçada na pandemia de COVID-19.

Diante das restrições impostas pelas políticas de isolamento social, ficou explícito o enorme impacto da exclusão digital, seja no mercado de trabalho, seja no ensino. Pessoas sem acesso a recursos mínimos de acesso passam por enormes dificuldades na tentativa de se manterem integradas à sociedade.

Tratando especificamente das empresas, entre as quais o home office usado como solução para vários dos entraves provocados pela pandemia, os gestores de RH precisam ficar atentos também a esse tipo de inclusão. Com os colaboradores em casa, benefícios tradicionais, como vale-transporte ou vale-refeição, perdem sentido, enquanto outras necessidades tendem a surgir. Dessa forma, nunca foi tão importante oferecer condições e benefícios flexíveis.

Quais são os benefícios de investir em diversidade?

Uma equipe diversa que se apoia e se respeita faz com negócios de todas as áreas atraiam mais clientes, parceiros e investidores, além de gerar líderes admirados e colaboradores felizes e produtivos — é o que demonstra o estudo Diversity Matters 2020 promovido pela consultoria McKinsey.

O levantamento feito com 3.900 colabores de 1.300 grandes empresas da América Latina demonstrou que as organizações que adotam fortes políticas de inclusão tendem a apresentar menores índices de turnover e melhor performance financeira. Isso demonstra que o compromisso com a diversidade não se trata apenas de cumprir leis e obrigações éticas, é também uma abordagem estratégica. De maneira geral, a inclusão social no mercado de trabalho tende a:

  • promover a atração e a retenção de profissionais produtivos e participativos;
  • favorecer a representatividade da organização perante colaboradores, gestores e clientes;
  • melhorar a imagem da marca no mercado e entre acionistas;
  • formar equipes mais diversificadas, empáticas e criativas;
  • contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

Ainda que muitos benefícios e conquistas tenham sido observados, a pesquisa também deixou claro que grupos minoritários continuam sendo significativamente sub-representados nas posições de liderança. Ou seja, ainda há um enorme caminho pela frente.

Gestores de RH junto à alta liderança das empresas devem, portanto, criar meios de promover a inclusão social no mercado de trabalho. Naturalmente, resultados realmente efetivos dependem de políticas públicas e ações em larga escala, mas é importante ter a mentalidade de que, independentemente do tamanho do negócio, os esforços de todos os empreendimentos importam.

Este conteúdo fica por aqui, mas ainda temos muito conhecimento para você aproveitar. Confira agora os desafios para o setor de Recursos Humanos no pós-pandemia!

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